terça-feira, 24 de julho de 2018
Territórios sensíveis-090816- Tem Olimpíada no HU
Em tempos de olimpíadas, imagina-se que os pacientes ficarão grudados na Ventão não vai ser fácil captar sua atenção. Pensando nisso, escolhi dois curtas com a temática esportiva. A primeira fala de Aída dos Santos, atleta brasileira que foi às olimpíadas do Japão em 1964.O outro, Tela Verde, curta metragem que fala dos sonhos e das dificuldades de meninos que querem ser jogadores de futebol. Em todos eles, percebo o interesse pela temática e pela novidade. Afinal, ninguém conhecia a história dos personagens. E, numa enfermaria só de mulheres, rapidamente se estabeleceu um animado bate-papo. Em verdade, me parece que, cada vez mais os filmes precisam gerar alguma conexão com os pacientes. O difícil é, em um cenário que muda a cada semana, conseguir captar o cerne de cada lugar e atingir o público, capturando sua atenção e fazendo-o refletir. Em muitas situações percebo que eles se surpreendem com o cinema e, muitas vezes, chegam a fotografar a tela para provar que realmente está acontecendo. O difícil é conseguir que digam sim, E me deixem montar os equipamentos. Quando a tela se acende, a comunicação fica muito mais fácil.
Territórios Sensíveis- HU- 05/09/2016. Enfermaria 9b/33
Após um intervalo de férias, volto ao HU na esperança de que tudo seria como antes. Me esqueço de como o campo é mutável, instável e imprevisível. Logo na chegada, percorro três enfermarias até que consiga a anuência dos pacientes para exibir o filme. Até então nunca tinha acontecido. Já começo a desanimar quando, na última enfermaria, consigo um tímido ok de duas pacientes. Explico que a ideia é comparar duas formas de contar histórias. Uma delas, através do filme Vidas Secas. A outra, através da animação Retirantes. Exibo os primeiros 15 minutos de Vidas Secas e qual não é a minha surpresa ao perceber o interesse dos pacientes ao acompanhar a saga de Baleia e sua família, mesmo com a elevada luminosidade da tela, em associação à fotografia extremamente luminosa de Luiz Carlos Barreto para Nelson Pereira dos Santos. Quando interrompo o filme percebo que, pelo público, poderia continuar a projeção. Exibo então Retirantes e me surpreendo pelo desinteresse demonstrado. Pergunto se gostaram do filme .Respondem que preferem o filme à animação. Afirmam que continuariam assistindo e eduque pensara adoçar a exibição com a animação, fui surpreendida pelo elemento humano que, mais do que qualquer coisa, captou o olhar do público e deixou um gostinho de quero mais.
Nem Sansão nem Dalila-Hu- enfermaria 9a37 texto de 24/02/16
Hu.Enfermaria 9a 37
Seis pacientes
O poder do humor no cinema
Em uma enfermaria quente, em um dia ainda mais quente, na cidade mais quente do país, ousar exibir um filme pode ser uma grande furada. E, até certo ponto, é. Afinal,não temos a luz ideal, o melhor projetor ou o filme mais atual. A ideia,alias, nem é éssa. O objetivo é ir até as memórias, resgatando-as com boas doses de afeto e , quem sabe, algumas lágrimas emocionadas. Hoje acrescentamos mais um ingrediente:o humor. Não desse humor insosso, por vezes escatológico, da atualidade. Mas do humor ingenuo, exagerado e por vezes repetitivo repetitivo dos primordios dos primeiros cinemas. De quando a sala de cinema se mesclava ao teatro e o filme era um grande numero de circo.Ali,onde o cinema ainda caminhava passo a passo com as salas de novidades,ainda encontravam-se elementos que pos comendiantes de hoje (quando sao bons )ainda vao buscar. E é ali onde reside o elemento convocador dos olhares. No inusitado de um escorregão, de um tropeco ou de um belo tombo. No infortunio que veem na tela, os pacientes parecem esquecer suas próprias mazelas.E entao me deparo co
domingo, 22 de julho de 2018
Epidemia de Cores-texto de 060417
Epidemia de cores (SARETTA, 2016) é um documentário que relata a rotina dos participantes da Oficina de Criatividade ministrada no Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre. A escolha se deu porque as atividades programadas para a visita de hoje seriam expandir a ideia de cinema para ver e fazer. Assim, a proposta era assistir ao filme e debate-lo. Logo depois, criar uma imagem com as impressões sobre o filme. A atividade contava com três pacientes e dois profissionais de saúde, logo de início, traço semelhanças entre “real” e “ficção”. Afinal, ambos os hospitais, da tela e no HU, são instituições organizadoras de corpos, com grades e portas, delimitações e fronteiras. Logo de início, ouve-se a fala de Solange, uma das pacientes entrevistadas, sobre o manicômio estar dentro de cada pessoa. Também a interdição de movimentos em um hospital estaria? E se tiramos o sujeito hospitalizado de sua imobilidade e oferecemos um ambiente neutro? A sala de humanização parece ser esse ambiente intermediário, nem privado nem público, nem de interdição ou de liberdade, onde o paciente tem autonomia para entrar (salvo quando seu estado clinico não permite), quando querer jogar, tocar instrumentos, ver televisão ou simplesmente descansar. Ali a janela para uma proposta de oficina de arte se abre, no filme e na sala doa Hu. Não para uma das pacientes. Ao ver a câmera percorrer os corredores do hospital no filme, ela pede desculpas e sai. O filme continua e os relatos de enclausura mento e o debate sobre a desospitalização se contrapõem às oficinas de arte. Enquanto isso, na tela Solange canta uma música que fala sobre liberdade. Ela pede ao diretor que não mostre sua imagem enquanto canta, porque não combina com a temática da música. A voz de Solange ilustra uma serie de práticas mostradas, as cores enchendo o papel, as paredes, os muros do São Pedro e as nossas retinas, do outro lado da tela. Nísia. E Rosangela, pacientes do HU, acompanham atentas o filme, até o final, quando proponho que, com base no que viram, capturem imagens do entorno mostrando o que ficou da narrativa do filme. Enisia fotografa um novelo de lã sobre a mesa e diz que “ as cores me chamam”. Já Rosângela, fotografa um trabalho (desenho) de um paciente, uma obra geométrica com muitas cores e diz que as cores e as pessoas querem ser vistas. Cumpro meu papel fotografando a colorida blusa da coordenadora da humanização. Comentamos nossas fotos e impressões e terminamos a visita. A mistura de cores, de imagens e afetos nas telas, nos corpos e nas nossas falas se na medida em que compartilhamos nossas impressões. Ali, ao buscar uma imagem a capturar, reocupamos o espaco da sala, o ressignificamos, fazendo-o parte de uma narrativa múltipla e de um território sensível. Dos pacientes do hospital São Pedro, em suas cores e cotidiano. Dos pacientes do Hu, suas imagens e rotinas. Todos, atravessados pelo cinema, sem que este fique confinado à materialidade da sala, mas que reexista, na possibilidade de construir relações entre os sujeitos, em experiências –espaco tempo múltiplas.
quarta-feira, 2 de maio de 2018
Cinema no Hu- 19/04-Quebrando a quarta parede
Que o papel do púbico é fundamental é qualquer espetáculo,não é novidade alguma. Mesmo no cinema, onde a distância de artistas e plateia - separados por uma câmera - é a alma do negócio, a exibição fílmica sempre encontra meios de tocar de alguma forma corpos e mentes.O que dizer então, quando o respeitável público não somente se conecta ao filme mas,além disso, mergulha tão profundamente que inicia um diálogo entre ações e personagens? Assim foi na última exibição do Cine HU.Em cartaz Somos tão jovens, que narra os anos de juventude do vocalista da banda Legião Urbana, Renato Russo e toda uma constelação de jovens músicos brasilienses.A escolha foi do atual responsável pelo projeto e a sessão contava com quatro pacientes e dois funcionários do hospital. Logo de início, dois dos pacientes,jovens acomodados em cadeiras de rodas, comentavam cada diálogo,sussurrando as letras da banda,enquanto os demais balançavam os pés ao ritmo das cancoes. A atmosfera sonora tomava conta da sala de humanização,minorando até a elevada claridade da sala.E onde as imagens falhavam os sons convidavam o público a participar de cada cena, delineada através de vozes e silhuetas.ERa suficiente.Na primeira cena de briga entre dois amigos, os dois jovens pacientes chegaram a se exaltar, comentando a cena:
"-eu não peço desculpas,comentou um".
-Nem eu", completou o próximo.
Assim permaneceram ao longo do filme. Apesar da claridade da sala, as interrrupções constantes e a possibilidade de ver apenas as silhuetas dos personagens, o dispositivo filmico constitui-se por inteiro, trazendo por causa ou apesar das "falhas técnicas",uma maior proximidade dos participantes com a experiência. Ao se reconhecerem nas ações e até mesmo nas músicas, os participantes quebraram a quarta parede do filme,saindo do ambiente hospitalar para vivenciarem sua juventude junto com as legiões brasilienses.
terça-feira, 24 de abril de 2018
Eternamente cinema oua volta do pequeno cineasta
A primeira vez que o vi,meu pequeno cineasta,não tinha ideia de que seria pra sempre.Que ele entraria sem pedir licença na minha vida e me mudaria, definitivamente...Na primeira vez em que o vi,ele era apenas mais uma das crianças naquele hospital infantil, talvez o mais calado dos ocupantes da enfermaria.E eu já sabia que aquele leito não comportava o mundo dele.Era muito maior. Mas, pra conhecer um pouquinho dele eu precisava ter paciência e dar um passo de cada vez...Eu acabava de conhecer o projeto de cinema no hospital e tinha todos os medos de alguém que queria muito mergulhar,mas tinha medo de perder o pé em um universo que não era o meu, que envolvia dores,sangue e tristeza,em histórias quase nunca com finais felizes.Mas eu queria tentar e foi assim que entrei naquela enfermaria.Para não sair mais..E foram muitas semanas em que eu sorria pra ele e ele nada fazia,sem me deixar entrar.Todas as vezes eu oferecia algo.Um filme.Uma brincadeira.Um sorriso.Nada adiantava.Foi somente um dia,em que pela primeira vez eu estava só, que ele finalmente me viu ..Me olhou fundo dentro dos olhos e disse:- tia, você está cansada... E eu sorri..A partir daí ele me abriu a porta,para que eu conhecesse seu mundo..Logo ele que já sabia tanto do meu mundo,dos filmes que exibíamos,das brincadeiras que fazíamos e que ele já conhecia de cor..Eu que nada de novo podia oferecer..Só meu ouvido atento e minha vontade de brincar.E foi assim que eu comecei a ouvir suas histórias, sua paixão pelos dinossauros,sua vontade de fazer cinema.. Ee só tinha oito anos,um corpo franzino e um olhar acurado sobre linguagem filmica.Uma parte certamente fruto das muitas atividades das quais participara..A outra, inexplicável, vinha dele mesmo.Sua sensibilidade, vontade de criar e percepção extremamente desenvolvidas.As histórias simplesmente pulavam dos seus olhos para suas mãos e então,em poucos gestos,ele conseguia nos fazer ver o mundo que ele queria criar.Não foram poucas as vezes em que me surpreendi com a segurança com que nos dirigia,com que posicionava um ator,ou desenhava no papel cada cena de seus filmes..Era necessário, para que nós,os adultos, pudéssemos ajudá-lo.. Paraa ele estava sempre muito claro, o momento de gravar e a hora de cortar a ação..Mas nem sempre ele queria criar.Havia momentos em que os procedimentos do hospital o castigavam,deixando-o amuado.. Nesse momento não havia nada que o tirasse de seu lugar,nem mesmo os amados dinossauros. Em um desses dias,propus que fizéssemos um filme. Eu estava exausta, não conseguira pegar os equipamentos e era também um dia ruim para ele.Contudo,quando propus o filme, não demorou muito para que o sorriso voltasse ao seu rosto.Imediatamente distribuiu os papéis e funções entre nós..E disse que nos esperaria na semana que vem.No dia marcado,lá estavamos nós, figurino e papéis decorados.encontrei-o de olhos fixos na janela.Quando perguntei o que houve, me disse que queria fazer um filme do super homem. -por que o super homem,eu perguntei -para poder escalar esse muro e sair voando daqui,foi a resposta. Logo depois,viu a câmera e se animou, pedindo que começássemos. Tomei meu lugar na câmera ( o diretor já determinara previamente o enquadramento adequado)e esperei suas orientações..Ele posicionou os atores, coordenou a cena e ordenou: gravando! Comecava a história, inspirada no game Minecraft.Em dado momento a espada do Herói,que também era o diretor,caiu..Ele olhou para câmera muito sem graça, aparentando (coisa rara)ter exatamente a idade que tinha e solicitou que a cena fosse refeita.E assim foi feito..No final,cenas gravadas, prometi que levaria meu laptop na semana seguinte,para que editássemos o filme juntos. No dia da atividade,preparei cada detalhe. Queria que ele experimentasse exatamente como era a atividade de um montador.Já de entrada,não consegui encontrá-lo.Ele não estava lá.Percorri, bastante apreensiva,cada uma das enfermarias.Foi em vão.Quando eu começava a me desesperar,uma das enfermeiras,notando minha tristeza, me perguntou o que havia.Ao saber quem eu procurava,me contou que o menino que estava naquele leito recebera alta,sendo transferido para um hospital de Curitiba para melhorar seu tratamento... E ninguém tinha seu contato..Assim,sem despedidas,ele partia, deixando um filme por terminar... Como ele mesmo sonhara, conseguiu voar, ultrapassar os muros do hospital... Passaram quase dois anos..Nunca mais tive notícias do pequeno ocupante do leito dos fundos,da enfermaria C. hoje voltei ao hospital para falar do projeto...De repente,sou surpreendida por várias imagens dele,nas atividades de cinema que tanto amava...E então decidi que devia contar sua história... Ali, entre as memórias de um ano de convivência,me senti mais perto dele e das atividades que compartilhamos...Parecia que eu podia vê-lo,meu pequeno cineasta,sentado na cadeira de diretor preparada especialmente para ele,controlando os atores, manipulando a câmera de filmar.E o cinema, eternamente ponte, construída entre mim e ele,criando laços para além da presença,na medida do tempo que vivemos no hospital. Acabo minha fala,volto ao meu assento,me preparo para sair.Alguém me felicita pelo final feliz da história,tão diferente do real.. Nãoo compreendo.Peço explicações.Então me contam que meu amigo,após a saída do hospital,não resistiu,morrendo em seguida..Tinha nove anos, grande parte desses passados em um leito hospitalar..E foi dali que conseguiu construir sua escada,degrau a degrau,para escapar da prisão... Enquanto me afasto,uma imagem vem à mente:seu corpo frágil,em pé sobre o leito,de capa vermelha, pronto para voar..E assim,sem aviso,meu pequeno cineasta,amigo dos dinossauros,partiu em busca de outros universos para contar histórias.. Voou.ali, bem de longe,onde mal podemos ver, vejo que olhou brevemente para trás e disse simplesmente:corta!
quinta-feira, 19 de abril de 2018
Imagens frágeis
Territórios sensíveis-05/04/18-Enfermaria HU 9a37
Se a essência do cinema está no que é exibido na tela, como definir a experiência que transforma sujeitos, espaço e tempo, mas que exibe na tela imagens difíceis de serem enxergadas, como a iluminada enfermaria do HU. E se o cinema não está na tela, onde estaria? Não faltam, entretanto, os elementos fundamentais da exibição. O projetor, o filme, o espaço de exibição. Isso sem falar no público. Qual seria a diferença: é que o público, em vez de sentado em poltronas comuns, está deitado em macas, conectado a aparelhos, por vezes sedado e adormecido após procedimentos invasivos, cansado e dolorido em sua espera pela cura. Talvez justamente por isso o momento em que olham para a tela é extremamente importante. Nesse dia, demoramos a entrar na enfermaria. Há uma maca que precisa ser realocada, com uma nova paciente. Também há duas senhoras dormindo. Quando começamos a atividade, seu acompanhante pede que esperemos para que possa acordá-la, para que não se assuste com o som. Informado de que abaixaremos o áudio ao mínimo, ele se tranquiliza. Logo depois, resolve por ele mesmo acordá-la para que possa ver o filme e pede também que a maca seja realocada, para que a senhora possa ver. Pronto! Nesse gesto simples, acabou de se constituir nosso público, apesar dos aparelhos, apesar das dores e do cansaço, seu corpo ocupou seu espaço na experiência e a partir daí, fez-se uma relação espaço e tempo distinta, construída da possibilidade do cinema afetar o corpo e o corpo assim afetar o espaço e o tempo. E que afetos são esses? São feitos de sons, imagens e memórias, que nos chegam através da música do Clube da esquina, filme exibido na voz calma de Milton Nascimento, onde aprendemos que sonhos não envelhecem, estejam os corpos acamados, incapacitados, doloridos e esteja o cinema enfraquecido em sua porção técnica, imagens translúcidas, frágeis, efêmeras em um espaço em constante modificação. Mas é quando os rostos de 4 pacientes e 3 acompanhantes, mais 4 participantes da atividade se voltam para a mesma experiência em cantarolam o clube da esquina que percebo que é na fragilidade deste espaço, entre os sujeitos e o cinema, que reside nossa principal força.
Se a essência do cinema está no que é exibido na tela, como definir a experiência que transforma sujeitos, espaço e tempo, mas que exibe na tela imagens difíceis de serem enxergadas, como a iluminada enfermaria do HU. E se o cinema não está na tela, onde estaria? Não faltam, entretanto, os elementos fundamentais da exibição. O projetor, o filme, o espaço de exibição. Isso sem falar no público. Qual seria a diferença: é que o público, em vez de sentado em poltronas comuns, está deitado em macas, conectado a aparelhos, por vezes sedado e adormecido após procedimentos invasivos, cansado e dolorido em sua espera pela cura. Talvez justamente por isso o momento em que olham para a tela é extremamente importante. Nesse dia, demoramos a entrar na enfermaria. Há uma maca que precisa ser realocada, com uma nova paciente. Também há duas senhoras dormindo. Quando começamos a atividade, seu acompanhante pede que esperemos para que possa acordá-la, para que não se assuste com o som. Informado de que abaixaremos o áudio ao mínimo, ele se tranquiliza. Logo depois, resolve por ele mesmo acordá-la para que possa ver o filme e pede também que a maca seja realocada, para que a senhora possa ver. Pronto! Nesse gesto simples, acabou de se constituir nosso público, apesar dos aparelhos, apesar das dores e do cansaço, seu corpo ocupou seu espaço na experiência e a partir daí, fez-se uma relação espaço e tempo distinta, construída da possibilidade do cinema afetar o corpo e o corpo assim afetar o espaço e o tempo. E que afetos são esses? São feitos de sons, imagens e memórias, que nos chegam através da música do Clube da esquina, filme exibido na voz calma de Milton Nascimento, onde aprendemos que sonhos não envelhecem, estejam os corpos acamados, incapacitados, doloridos e esteja o cinema enfraquecido em sua porção técnica, imagens translúcidas, frágeis, efêmeras em um espaço em constante modificação. Mas é quando os rostos de 4 pacientes e 3 acompanhantes, mais 4 participantes da atividade se voltam para a mesma experiência em cantarolam o clube da esquina que percebo que é na fragilidade deste espaço, entre os sujeitos e o cinema, que reside nossa principal força.
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