quarta-feira, 2 de maio de 2018

Cinema no Hu- 19/04-Quebrando a quarta parede

Que o papel do púbico é fundamental é qualquer espetáculo,não é novidade alguma. Mesmo no cinema, onde a distância de artistas e plateia - separados por uma câmera - é a alma do negócio, a exibição fílmica sempre encontra meios de tocar de alguma forma corpos e mentes.O que dizer então, quando o respeitável público não somente se conecta ao filme mas,além disso, mergulha tão profundamente que inicia um diálogo entre ações e personagens? Assim foi na última exibição do Cine HU.Em cartaz Somos tão jovens, que narra os anos de juventude do vocalista da banda Legião Urbana, Renato Russo e toda uma constelação de jovens músicos brasilienses.A escolha foi do atual responsável pelo projeto e a sessão contava com quatro pacientes e dois funcionários do hospital. Logo de início, dois dos pacientes,jovens acomodados em cadeiras de rodas, comentavam cada diálogo,sussurrando as letras da banda,enquanto os demais balançavam os pés ao ritmo das cancoes. A atmosfera sonora tomava conta da sala de humanização,minorando até a elevada claridade da sala.E onde as imagens falhavam os sons convidavam o público a participar de cada cena, delineada através de vozes e silhuetas.ERa suficiente.Na primeira cena de briga entre dois amigos, os dois jovens pacientes chegaram a se exaltar, comentando a cena: "-eu não peço desculpas,comentou um". -Nem eu", completou o próximo. Assim permaneceram ao longo do filme. Apesar da claridade da sala, as interrrupções constantes e a possibilidade de ver apenas as silhuetas dos personagens, o dispositivo filmico constitui-se por inteiro, trazendo por causa ou apesar das "falhas técnicas",uma maior proximidade dos participantes com a experiência. Ao se reconhecerem nas ações e até mesmo nas músicas, os participantes quebraram a quarta parede do filme,saindo do ambiente hospitalar para vivenciarem sua juventude junto com as legiões brasilienses.

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