segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Territórios Sensíveis-Modos de Ocupação-Cine Giro 300716

Que toda praça seja um local de cultura. Essa é a premissa do Cinegiro.Elaborado a partir de um edital da secretaria municipal de cultura e unindo dois coletivos de arte, o projeto rodou, ao longo de 2016, em 4 praças da cidade. Acompanhei as ações em duas delas, no Jardim do Meier e no Castelo. Na primeira delas(que conto nesse texto), pude perceber, logo de início, a força da ocupação da praça, quando o cinema está presente. A ação tem como foco música e cinema, unindo debates e comidinhas também e transformando o espaço onde se instalou. Para quem não conhece, a Avenida Churchil, no Centro do Rio é um espaço em que o transito caótico da cidade tem lugar. Por entre carros, motos e ônibus, fica difícil imaginar onde uma tela teria lugar. Ainda assim a boa estrutura do CineGiro se instala e logo espalha cadeiras e barracas pela rua. A ocupação não se faz esperar, ressignificando-os espaços. Logo os participantes começam a dividir espaço com ônibus e motos. E quando as caixas acústicas são ligadas, outro componente vem dar mais uma dimensão à cidade: o som. Assim, as bandas que se apresentam em plena rua criam novas paisagens sonoras, em dissonância com os roncos dos motores dos ônibus. E então começa a exibição e as cadeiras de madeira se espalham em torno da tela, criando uma sala de exibição sem muros, onde os espectadores podem estar a menos de 1 metro de um carro que manobra, enquanto a narrativa fílmica se desenrola ali perto. É possível perceber em cada lugar os elementos de uma sala de exibição, como o sistema de som e as cadeiras, mas também esses elementos se ressignificam na interação com a cidade, com o ranger das portas dos ônibus, os barulhos dos freios dos carros, as luzes dos poucos prédios residenciais. Há quem se sente no chão da rua, no meio fio, sobre os carros, há quem passe e pare por alguns segundos, espantado com a luz da tela. Aqui e ali, o cinema se torna um fluxo contínuo de sons, pessoas e imagens, que se fundem na cidade, criando narrativas em múltiplas dimensões.

Texto escrito em 12/11/17

2 comentários:

  1. Acho fantástico este projeto. Uma luz, um sinal que tem gente pulsando. Muita anestesia. O cinema traz um som novo, amplia imagem, focaliza.

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    1. Olá!obrigada pela visita! também achei maravilhoso!!!

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